quarta-feira, 7 de julho de 2010

Imigração. Integração. Futebol


Alemanha. Polônia. Turquia. Espanha. Brasil. Gana. Tunísia. Um verdadeiro conglomerado de países forma a seleção alemã de futebol que atua na Copa do Mundo da África do Sul. Do elenco de 23 jogadores, onze são filhos de imigrantes ou, eles próprios, imigrantes.

A Alemanha, principal economia européia, recebe há décadas imigrantes como força de trabalho. A população de 82 milhões de habitantes conta com sete milhões de imigrantes. A integração dos estrangeiros ou seus descendentes à tradicional seleção de futebol do país é recente, começou na Copa de 2002 e parece atingir seu ponto alto na Copa de 2010.

Essa integração tem gerado discórdia. Ela seria justa com outras seleções, como a brasileira, que nunca convocou um estrangeiro? Quem está vencendo e convencendo na Copa da África é de fato a seleção alemã ou a seleção de estrangeiros? Então o caminho da vitória seria naturalizar estrangeiros de todo lugar?

Colocar apenas dessa forma a integração na seleção alemã de futebol é ser unidimensional e simplificador de um processo histórico. A imigração na Alemanha não é recente, tampouco irrelevante. Ela molda um país que vai de encontro à pureza ariana. O futebol, enquanto fator (sim!) cultural, é uma representação desse fenômeno.

A sociedade alemã é multicultural, diversificada e globalizada. A pureza étnica não corresponde à realidade, não passando de sonho dos neonazistas. Além disso, a cidadania não se baseia na origem étnica de um indivíduo, mas sim na constituição. Para que um indivíduo seja alemão, é suficiente que ele aceite a Lei Básica da Alemanha.

A seleção alemã de futebol demorou a se adaptar a essa nova compreensão do ser alemão. Há pouco tempo, na última Copa do século XX, sediada na França, a seleção era composta apenas pelo que os extremistas chamam de alemães de verdade: brancos e descendentes de alemães. Ora, doze anos é um tempo histórico pequeno. Não é razoável acreditar que nesse tempo não existiam alemães descendentes de imigrantes suficientemente competentes para jogar pela seleção. O que não havia era uma postura de integração na seleção de futebol.

A seleção alemã de futebol merece congratulações não só pelo (muito) que apresenta em campo, mas, sobretudo, por finalmente ter aceitado a condição multicultural da sociedade que a apóia. Desejar que descendentes de imigrantes ou cidadãos alemães naturalizados não integrem a seleção de futebol é dar as costas ao momento atual do país e condenar essas pessoas ao status de estranhos, tão estranhos quanto os judeus assassinados pela sana ariana de Hitler.

Um comentário:

Rodolfo disse...

OMG, perdeu a vontade de escrever sobre futebol???????