Foi o que eu pensei nas minhas reflexões noturnas do ônibus. Acabava de voltar da semana de comunicação da Faculdade de Ciências Pecuárias de Teresina. Fui tratada como gado, e isso eu não sou de jeito nenhum, nem por causa de Rafael Cortez nem por causa de qualquer outra pessoa.
Tudo bem que o Rafael Cortez é um gato-fofo-e-de-carne-e-osso, mas não gosto de me sentir ultrajada e ficar inerte. Devia ter deixado que a alma barraqueira baixasse em mim, ter dado um safanão naquela vaqueira e ido embora dali. E que se dane se a "vaqueira" que me empurrou é professora, coordenadora ou o escambal, pq o que na verdade ela é é uma fdp. E a gente tem que saber tratar todo tipo de gente, inclusive essa espécie. Pior do que os safanões que levei, foram os hematomas morais, pois corroborei com aquilo que o próprio Cortez condenou na sua apresentação, e com o que eu concordo: o fetiche popular em torno de uma pessoa pelo simples fato dela estar na mídia. "Eu não sou celebridade, sou jornalista", disse Cortez. Não precisava toda aquela loucura por parte do público, se as pessoas tivessem se comportado melhor ia ter foto pra todo mundo. Mas isso não justifica a atitude de parte da galera da faculdade das ciências pecuárias, ops, CEUT, porque boa educação a gente não escolhe a quem oferecer. Eu também errei, pois devia ter dado o fora. Voltar lá? Já até rasguei o crachá.
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Quanto ao Rafael Cortez...Comecei olhando-o como uma subcelebridade e terminei considerando-o um cara inteligente, que sabe se colocar de forma clara e que tem a exata dimensão da responsabilidade do seu trabalho. Ponto pra ele. Parabéns.
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Meu recado para a ouvidoria do Ceut.
Gostaria de expressar toda a minha indignação e revolta pela forma como fui tratada pela organização da semana de comunicação desta faculdade. Qual a forma? Bom, me senti como um gado, arrastada por mãos insolentes e mal educadas que se apossavam do meu braço como forma de me levar onde eles queriam que eu fosse. Compreeendo que a quantidade de pessoas presentes ao evento e a euforia que se apossou do público ao ver Rafael Cortez dificultou o trabalho dos organizadores; mas acredito que educação e presteza são virtudes que não se deve perder em momento algum. Não queríamos criar tumulto, apenas tirar uma foto, palavras solícitas bastariam para nos guiar de forma a alcançarmos o nosso objetivo. Não somos gado senhores. Eu, particularmente, não aceito ser tratado como um. Já rasguei o crachá da semana de comunicação, tenho por hábito não retornar aos lugares onde sou mal tratada. Tenho vergonha na cara. Boa noite, obrigada.
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Resposta da Faculdade CEUT
Olá Rosa,
Recebemos seu e-mail através do serviço de Ouvidoria.
Primeiramente, gostaríamos de manifestar nossas desculpas.
A Faculdade CEUT se orgulhou muito do público que esteve presente conosco para a abertura da Semana de Comunicação do CEUT. Entretanto, não imaginávamos o tumulto que a presença do Rafael Cortez pudesse causar, até ele ficou assustado. Como ele não anda com seguranças, ele não imaginava que isso fosse acontecer e nos informou que foi a primeira vez que esteve em um lugar com todo esse público. Foi um erro da organização em não ter se atentado a isso, até mesmo por solicitação do próprio Rafael em não precisar de segurança.
Ontem tivemos problemas com parte do público que se alterou e que, de forma deseducada, não soube obedecer a fila para tirar fotos ou conseguir um autógrafo. O tumulto grande demandou a necessidade de um controle deselegante por parte da organização. Mas nada justifica a forma de tratamento que você sentiu. Mais uma vez, solicitamos desculpas e estaremos encaminhando seu e-mail aos organizadores, a fim de evitar que isso possa acontecer novamente.
Atenciosamente,
Moema Bona